quinta-feira, 8 de dezembro de 2016

Os filhos crescem e não podemos impedir… Que pena! – Artigo 304 do irmão Barbosa Nunes


art-304
Inspiro-me no “Instituto PENSI”, para falar sobre o crescimento dos nossos filhos.

“Ver os filhos crescer não é fácil, sentimos que uma parte de nossa vida está indo embora. Uma hora eles serão adultos e isso nos assusta. Aqueles que eram tão dependentes, de repente, como num piscar de olhos, tornam-se independentes, donos de seus narizes, capazes de fazer tantas coisas sozinhos. Como viver isso?
Ananda Urias, no “Poema sobre filhos que crescem rápido demais”, pede ao tempo,  por favor, desacelere.
“Por favor, tempo, desacelere. Tão pequeno e já tão dono de si. Pronto para desbravar um mundo que vai além de mim! Me perdoe filho, não estou pronta para te ver partir… sinto falta de quando eu era tudo que você precisava para ser feliz.
Você vai crescer, é inevitável, é saudável… Mas eu queria reviver, dia após dia, os seus sorrisos inocentes, as suas conquistas, os seus primeiros beijos e abraços. Queria eternizar esse momento e viver assim, juntinho de ti. Estás pronto para desbravar o mundo, conquistar novos amigos, encantar outras vidas… eu me sinto orgulhosa e ao mesmo tempo perdida, porque já sinto o vazio da nossa diária despedida.
Seja gentil, tempo. Desacelere. O tempo não perdoa. Não espera. Eu ainda te vejo frágil, indefeso, meu pequeno. Mas você já descobriu que lá fora existe um mundo cheio de aventuras esperando por ti. Existe um mundo que vai além dos meus braços, dos meus abraços, dos meus beijinhos, do olhar sempre atento a te proteger… Eu não estou pronta, mas você está. Filho, eu estou com medo de te ver partir… Tempo, seja gentil: desacelere”.
O escritor Rubem Alves emociona a todos nós, pais e mães com sua crônica que oferecemos a vocês, eu e minha companheira Vera Lúcia, pais de Ivana, Flávio Henrique, Isabella e avós dos netos Paulo Henrique e Vinícius, intitulada “Quando os filhos voam”.
“Sei que é inevitável e bom que os filhos deixem de ser crianças e abandonem a proteção do ninho. Eu mesmo sempre os empurrei para fora. Sei que é inevitável que eles voem em todas as direções como andorinhas adoidadas.
Sei que é inevitável que eles construam seus próprios ninhos e eu fique como o ninho abandonado no alto da palmeira…
Mas, o que eu queria, mesmo, era poder fazê-los de novo dormir no meu colo…
Existem muitos jeitos de voar. Até mesmo o vôo dos filhos ocorre por etapas. O desmame, os primeiros passos, o primeiro dia na escola, a primeira dormida fora de casa, a primeira viagem…
Desde o nascimento de nossos filhos temos a oportunidade de aprender sobre esse estranho movimento de ir e vir, segurar e soltar, acolher e libertar. Nem sempre percebemos que esses momentos tão singelos são pequenos ensinamentos sobre o exercício da liberdade.
Mas chega um momento em que a realidade bate à porta e escancara novas verdades difíceis de encarar. É o grito da independência, a força da vida em movimento, o poder do tempo que tudo transforma. É quando nos damos conta de que nossos filhos cresceram e apesar de insistirmos em ocupar o lugar de destaque, eles sentem urgência de conquistar o mundo longe de nós.
É chegado então o tempo de recolher nossas asas. Aprender a abraçar à distância, comemorar vitórias das quais não participamos diretamente, apoiar decisões que caminham para longe. Isso é amor. Muitas vezes, confundimos amor com dependência. Sentimos erroneamente que se nossos filhos voarem livres não nos amarão mais. Criamos situações desnecessárias para mostrar o quanto somos imprescindíveis. Fazemos questão de apontar alguma situação que demande um conselho ou uma orientação nossa, porque no fundo o que precisamos é sentir que ainda somos amados.
Muitas vezes confundimos amor com segurança. Por excesso de zelo ou proteção cortamos as asas de nossos filhos. Impedimos que eles busquem respostas próprias e vivam seus sonhos em vez dos nossos. Temos tanta certeza de que sabemos mais do que eles, que o porto seguro vira uma âncora que impede-os de navegar nas ondas de seu próprio destino.
Muitas vezes confundimos amor com apego. Ansiamos por congelar o tempo que tudo transforma. Ficamos grudados no medo de perder, evitando assim o fluxo natural da vida. Respiramos menos, pois não cabem em nosso corpo os ventos da mudança.
Aprendo que o amor nada tem a ver com apego, segurança ou dependência, embora tantas vezes eu me confunda. Não adianta querer que seja diferente: o amor é alado.
Aprendo que a vida é feita de constantes mortes cotidianas, lambuzadas de sabor doce e amargo. Cada fim venta um começo. Cada ponto final abre espaço para uma nova frase.
Aprendo que tudo passa menos o movimento. É nele que podemos pousar nosso descanso e nossa fé, porque ele é eterno. Aprendo que existe uma criança em mim que ao ver meus filhos crescidos, se assustam por não saber o que fazer. Mas é muito melhor ser livre do que imprescindível. Aprendo que é preciso ter coragem para voar e deixar voar. E não há estrada mais bela do que essa”.
Filhos são como flechas. Com a sua vivência, pais, estiquem forte e seguramente o arco, deixando a flecha ir o mais longe e alto que conseguir. Exatamente como diz Gibran Khalil Gibran no seu iluminado poema “Vossos filhos não são vossos filhos”.
“Vossos filhos não são vossos filhos. São os filhos e as filhas da ânsia da vida por si mesma. Vêm através de vós, mas não de vós. E embora vivam convosco, não vos pertencem. Podeis outorgar-lhes vosso amor, mas não vossos pensamentos. Porque eles têm seus próprios pensamentos.
Podeis abrigar seus corpos, mas não suas almas; Pois suas almas moram na mansão do amanhã, que vós não podeis visitar nem mesmo em sonho. Podeis esforçar-vos por ser como eles, mas não procureis fazê-los como vós, porque a vida não anda para trás e não se demora com os dias passados.
 Vós sois os arcos dos quais vossos filhos são arremessados como flechas vivas. O arqueiro mira o alvo na senda do infinito e vos estica com toda a sua força para que suas flechas se projetem, rápidas e para longe. Que vosso encurvamento na mão do arqueiro seja vossa alegria: Pois assim como ele ama a flecha que voa. Ama também o arco que permanece estável.

Barbosa Nunes, advogado, ex-radialista, membro da AGI, delegado de polícia aposentado, professor e maçom do Grande Oriente do Brasil – barbosanunes@terra.com.br
FONTE:http://www.gob.org.br/os-filhos-crescem-e-nao-podemos-impedir-que-pena-artigo-304-do-irmao-barbosa-nunes/

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